UFC 168 - Uma dor no país inteiro

Anderson Silva quebra a perna em chute, e Chris Weidman segue campeão
Brasileiro dá chute com a perna esquerda no americano, desaba na mesma hora e sai do octógono de maca. Weidman encara Vitor Belfort no Brasil, e só Patolino vence entre os brazucas.

A expectativa era enorme para a revanche entre Anderson Silva e Chris Weidman. Após o histórico nocaute sobre o ex-campeão no UFC 162, em julho, a torcida estava acreditando no Spider, que devolveria o que sofreu da forma mais brutal possível, como ele já fez no UFC contra Vitor Belfort, Chael Sonnen, Forrest Griffin, entre vários outros. Mas ninguém contava que o inesperado acontecesse. Não, não foi outro nocaute de Weidman, nem uma finalização do americano. Após desferir um chute baixo de esquerda no americano, Anderson Silva fraturou a perna. Na mesma hora, caiu no chão gritando de dor. O campeão festejou, mas foi correndo ver a situação do adversário e ídolo. Ficou ali um tempo, até voltar a festejar. Chris Weidman foi declarado vencedor por nocaute técnico no início do segundo round, e disse em entrevista a Joe Rogan que não sabia ao certo o que aconteceu com o Spider. 

O brasileiro gritava de dor, teve a perna esquerda imobilizada e deixou o octógono de maca, sob aplausos de todo o público na MGM Grand Garden Arena, em Las Vegas. Acompanhado de Dana White, Lorenzo Fertitta, da sua equipe e até por Chris Weidman, Anderson Silva realizou uma cirurgia, e não tem previsão de voltar ao octógono. 

Imagem forte: Anderson Silva fratura a perna ao tentar chute em Chris Weidman

E o que já era esperado, foi confirmado. Chris Weidman vai encarar Vitor Belfort, que ganhou o title-shot ao acabar com um mito histórico, nocauteando o lendário Dan Henderson em Goiânia. A luta deve acontecer no Brasil, e já foi especulado que o estádio do Maracanã possa ser o palco do encontro entre o azarão e o fenômeno.

A luta começou como foi a primeira. Chris Weidman levando pro chão e tendo domínio absoluto. Chegou a quase vencer por nocaute técnico no começo, mas Anderson se segurou, tentando até um triângulo no final do primeiro round. No segundo, o brasileiro ficou mais focado. Com um chute baixo, tentou atrapalhar Weidman. Mas o mais improvável que poderia acontecer acabou acontecendo. O Spider fraturou a perna e caiu no chão na mesma hora, gritando de dor. Weidman comemorou, sem saber o que realmente aconteceu.

REPETECO E SHOW - MAIS DO UFC 168

A expectativa era enorme também em outra revanche. No co-evento, Ronda Rousey voltava a encarar Miesha Tate pelo cinturão peso-galo feminino. No duelo das musas, um fato inédito aconteceu. Pela primeira vez, uma luta da judoca passou do primeiro round. Com amplo domínio em pé, Ronda fazia um estrago em Tate. No segundo round, encaixou um triângulo invertido e quase fez Miesha desistir. Mas ela queria mesmo era a chave de braço. E no terceiro round, em um vacilo da rival, a medalhista olímpica aproveitou e voltou a finalizar sua arquirrival. Tate ia cumprimentar Ronda, mas a loira saiu andando e virou as costas, levando uma enorme vaia do público presente.

Ronda Rousey tenta chute de esquerda em Miesha Tate: novamente, a judoca venceu por finalização, só que dessa vez foi pelo terceiro round.

ABRE O OLHO, VELÁSQUEZ !! - Travis Browne x Josh Barnett

A única luta de pesos-pesados da noite valia uma chance de ficar mais próximo da disputa do cinturão contra Cain Velásquez. De um lado, o perigoso Travis Browne. Com apenas uma derrota na carreira (para Antônio Pezão, em 2012), e vindo de um nocaute histórico sobre Alistair Overeem em agosto. Do outro, Josh Barnett. Lenda viva do MMA, ex-lutador do Pride e ex-campeão peso-pesado do UFC. O "Warmaster" começou até bem, tentando acertar joelhadas como fez contra Frank Mir, no UFC 164. Mas Browne acertou uma joelhada que desnorteou o ex-campeão, e desferiu uma chuva de cotoveladas, até que o árbitro interrompesse o combate. Com isso, Travis Browne enfrenta Fabrício Werdum, pela vaga de desafiante número 1 ao cinturão. Dana White já havia dito que o gaúcho seria o desafiante principal, mas com a cirurgia que tira Velásquez do octógono até agosto de 2014, Travis Browne ganhou a chance de ficar mais perto do título.

Sem chance: Travis Browne massacra Josh Barnett e fica mais perto do cinturão.

PATOLINO SALVA A PÁTRIA

Vice-campeão do TUF Brasil 2, o carioca William Patolino não se intimidou contra o experiente Bobby Voelker. Ambos vinham de derrota. O brasileiro para Léo Santos, na final do reality show, e o americano, para Robbie Lawler, que disputará o cinturão meio-médio em 2014, contra Johny Hendricks. E com uma atuação impecável, o ex-atleta do time de Rodrigo Minotauro no The Ultimate Fighter atropelou o americano e venceu por decisão unânime.

Brasileiro com mais aparições no UFC, Gleison Tibau foi surpreendido por Michael Johnson e acabou nocauteado. Assim como Diego Brandão contra Dustin Poirier. Campeão do TUF 14 nos Estados Unidos, o cearense não bateu o peso e sofreu um gravíssimo acidente de carro duas semanas antes do evento. Lutou de forma irreconhecível e perdeu pro americano, que pediu por uma chance contra José Aldo, campeão peso-pena.

Primeiro adversário de Anderson Silva, ainda no antigo vale-tudo, Fabrício "Morango" Camões enfrentava o perigoso Jim Miller, 10º colocado no ranking oficial do UFC na categoria peso-leve. O brasileiro até começou bem, mas levou uma chave de braço do americano e acabou batendo.

DEMISSÃO A VISTA

Na última luta do card preliminar, um duelo de ameaçados. Chris Leben, primeira vítima de Anderson Silva no UFC e ex-integrante do TUF 1 nos Estados Unidos, contra Uriah Hall, vice-campeão do TUF 17, quando integrou a equipa capitaneada pelo tagarela Chael Sonnen. O americano teve um bom começo, mas o jamaicano aproveitou-se da maior envergadura e golpeava mais. Tentou até o chute rodado que espantou o mundo, quando nocauteou Adam Cella, do time de Jon Jones, no reality show. Mas foi um pesado direto que derrubou "The Crippler", até uma sequência estrondosa de socos. Leben foi salvo pelo gongo. Só que não. Atordoado pelos golpes do "Homem Ambulância", o americano não conseguiu voltar para o segundo round, e o árbitro Steve Mazagatti decretou nocaute técnico e vitória do jamaicano, que não vencia desde o TUF, quando nocauteou o então favorito Bubba McDaniel, do time Jones, com 9 segundos de luta. 

Chris Leben ainda continua com seu longo jejum de vitórias. Desde que venceu Wanderlei Silva em 2011, no UFC 132, o americano perdeu suas quatro lutas seguintes. 

1. Mark Muñoz, UFC 138: Era a primeira luta principal com 5 rounds e não valendo cinturão na história do UFC. E Mark Muñoz não deu chances para que a luta fosse chegar até o final. Com um nocaute técnico no segundo round, ele decretou a oitava derrota da carreira de Leben.
2. Derek Brunson, UFC 155: No final do ano passado, Chris Leben enfrentaria o estreante Derek Brunson, que vinha do Strikeforce. Dominado durante 3 rounds, "The Crippler" perdeu por decisão unânime.
3. Andrew Craig, UFC 162: Andrew Craig vinha de derrota para o brasileiro Ronny Markes no UFC São Paulo, em janeiro deste ano. Já Leben não vencia desde 2011, quando atropelou o "Cachorro Louco". Fez uma grande luta, mas perdeu na decisão dos juízes.
4. Uriah Hall, UFC 168: Correndo sério risco de demissão, Chris Leben enfrentou o também ameaçado Uriah Hall. Após tentar alguns socos perigosos que passaram no vácuo, o americano foi atropelado pelo jamaicano e "salvo pelo gongo" após sofrer um knockdown e uma chuva de socos. Não voltou para o segundo round e perdeu por nocaute técnico.